Perda de visão em pets: como prevenir, cuidar e adaptar a rotina para garantir qualidade de vida
A visão pode não ser o principal sentido dos cães e gatos, mas desempenha um papel essencial para a autonomia, a segurança e o bem-estar deles. A perda visual — parcial ou total — é mais comum do que muitos tutores imaginam e pode ocorrer por diversos motivos, como envelhecimento, doenças, infecções, acidentes domésticos ou traumas externos. Apesar disso, há muito o que fazer para prevenir problemas oftalmológicos, identificar sinais de alerta precocemente e adaptar o ambiente para que o animal mantenha uma vida plena.
Especialistas em comportamento e saúde animal reforçam que os pets têm grande capacidade de adaptação, principalmente quando recebem cuidados adequados. Para orientar tutores e conscientizar sobre o tema, reunimos nesta reportagem recomendações práticas sobre prevenção, hidratação, ambiente seguro, estímulos sensoriais e cuidados diários com os olhos.
Ambientes domésticos escondem riscos invisíveis
Quando se fala em acidentes oculares, muitos tutores logo imaginam cactos ou plantas com espinhos. Porém, os perigos dentro de casa vão muito além desses casos óbvios. Objetos pontiagudos, quinas baixas de móveis, cercas mal posicionadas, galhos duros de plantas ornamentais e até brinquedos quebrados podem causar ferimentos sérios.
De acordo com médicos-veterinários, qualquer lesão na superfície do olho — mesmo em pets que já possuem perda visual — causa dor intensa, pode infeccionar e, em casos mais graves, levar à necessidade de remoção do globo ocular. Por isso, a prevenção começa com uma inspeção cuidadosa nos ambientes onde o pet circula. Remover ou proteger potenciais fontes de trauma é uma medida simples e acessível, mas capaz de evitar complicações sérias.
Especialistas orientam ainda que casas com escadas, desníveis ou pisos escorregadios devem receber atenção redobrada. Tapetes antiderrapantes, portões de segurança e boa iluminação fazem diferença, principalmente para animais idosos ou com visão reduzida.
Água corrente contribui para a autonomia de pets com perda sensorial
Fontes de água são populares entre tutores de gatos, mas também podem ser extremamente úteis para cães que perderam visão ou audição. Isso acontece porque o som da água corrente cria uma referência auditiva clara, facilitando a localização do ponto de hidratação.
Profissionais relatam casos de cães que esquecem de beber água até observarem outro animal fazendo isso. A fonte sonora, portanto, funciona como um “lembrete natural”. Além de estimular a hidratação — fundamental para a saúde renal e urinária — o equipamento também ajuda o pet a se orientar melhor pela casa.
Para animais com visão comprometida, manter objetos sempre no mesmo lugar é essencial. A fonte de água se torna parte desse “mapa sensorial”, juntamente com arranhadores, camas, potes de ração e brinquedos. Mudanças bruscas na disposição dos móveis devem ser evitadas para que o pet não perca suas referências.
Cores nem sempre são o elemento mais importante para cães e gatos
É comum ouvir que cães enxergam apenas azul e amarelo, mas essa afirmação, embora parcialmente verdadeira, não conta a história completa. Os cães possuem menos cones — células responsáveis por captar cores — e, por isso, percebem tons de maneira menos intensa. Cores vibrantes para humanos podem não ter o mesmo destaque para eles.
Gatos, por outro lado, enxergam melhor em ambientes com baixa luminosidade, mas também apresentam pouca distinção de cores. Assim, estimular pets por meio de cores nem sempre é a estratégia mais eficaz.
Na prática, contrastes, movimento e textura são mais importantes do que tonalidades. Um brinquedo azul na grama pode ser mais visível que um vermelho, mas se a ideia é treinar o olfato, esconder brinquedos que se camuflam no ambiente pode ser ainda mais interessante.
Esse tipo de brincadeira estimula o faro e o tato — sentidos essenciais para pets que podem vir a perder a visão ao longo da vida.
Estimular faro e tato fortalece a autonomia de pets com visão comprometida
O olfato é o principal sentido dos cães e desempenha papel fundamental na forma como compreendem o mundo. Nos gatos, o uso dos bigodes (vibrissas) é igualmente determinante: eles funcionam como sensores de distância e vibração.
Por isso, especialistas recomendam atividades que estimulem esses sentidos ao longo da vida, mesmo antes da perda de visão. Buscar petiscos escondidos, encontrar brinquedos pelo cheiro ou seguir trilhas aromáticas simples são maneiras eficazes de fortalecer a confiança do animal.
Pets que exercitam regularmente faro e tato tendem a se adaptar mais facilmente quando deixam de enxergar. Eles já possuem um repertório sensorial que substitui parte da função da visão, reduzindo medo, insegurança e comportamentos ansiosos.
Cuidados diários com os olhos: o que é normal e quando procurar ajuda
A presença de um pouco de secreção ocular (a famosa “remela”) pode ser normal. Contudo, secreções esverdeadas, amareladas, persistentes ou acompanhadas de vermelhidão são sinais de alerta importantes. Podem indicar infecção, inflamação, obstrução de ductos lacrimais ou alergias.
A falta de cuidados e o acúmulo de inflamações crônicas aumentam o risco de danos irreversíveis à visão. Poeira, mofo, poluição, produtos de limpeza e perfumes também podem irritar os olhos, tornando necessário avaliar o que realmente faz sentido para a saúde do pet.
Nos passeios urbanos, por exemplo, a poluição pode causar ardência e alergias. Mesmo assim, os benefícios do passeio — estímulo mental, gasto de energia, socialização e bem-estar emocional — geralmente superam os riscos pontuais.
Para limpeza, o uso de produtos oftalmológicos adequados é essencial. Muitas vezes, o soro fisiológico é utilizado, mas a aplicação precisa ser feita com cuidado:
- nunca encostar o frasco no olho,
- nunca esfregar ou pressionar,
- sempre observar a reação do pet,
- e consultar um veterinário antes de iniciar qualquer tratamento.
Perda de visão não impede uma vida feliz e confortável
Animais são extremamente resilientes. Muitos pets que perdem a visão se adaptam mais rápido do que seus tutores imaginam. Eles desenvolvem estratégias próprias, usam melhor o faro, percebem vibrações do ambiente e aprendem rotas seguras dentro da casa.
O maior desafio geralmente é emocional — e está do lado do tutor. Aceitar as limitações do pet, adaptar o ambiente e oferecer estímulos adequados são passos essenciais para garantir conforto e segurança.
Com amor, paciência e pequenas mudanças na rotina, um pet com baixa visão pode viver plenamente, mantendo autonomia e alegria.
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